O Mestre e o Seu Plano
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” João 14:6
Objetividade e relevância - essas são as questões cruciais de nossa incumbência. Antes de tudo devemos começar com algumas perguntas a nós mesmos:
O que estamos fazendo é digno de ser feito?
Nossos esforços estão conseguindo cumprir a grande comissão?
Estamos vendo um grupo, sempre em expansão, de pessoas dedicadas a alcançar o mundo com o evangelho em resultado de nossa vida?
O simples fato de estarmos atarefados não significa que estamos conseguindo realizar algo. Sem visão há desvios!
A Palavra de Deus é clara: “Sem profecia o povo se corrompe”, pois se não há uma direção para onde se quer ir nunca se chega a lugar algum. Se não estabelecermos alvos bem definidos na nossa vida não haverá eficácia em nosso trabalho.
É preciso traçar alvos bem claros para que nosso dia a dia não seja em vão, mas que nossos esforços sejam como o de um atleta que em tudo se domina para alcançar o prêmio.( I Co 9). Tal como um edifício é edificado de acordo com uma planta, assim também tudo que fazemos deve ter um propósito. De outra maneira nossas atividades podem se perder em uma confusão sem alvo.
Os Princípios Que Dirigiam Jesus
Quando olhamos para o ministério de Jesus podemos assumir os mesmos padrões de conduta que dirigiam suas estratégias de discipulado pessoal ou de grandes multidões. Não no que diz respeito à interpretação dos métodos, mas, acerca dos princípios que sublinhavam Seu ministério, nos quais a vida dEle estava orientada quando andou sobre a terra.
Plano de Estudo
Para conhecer o plano piloto de Jesus é preciso buscar nos evangelhos as narrativas de testemunhas oculares que narram o trabalho do Mestre (Lc 1:2,3; Jo 20:30; 21:24, I Jo1:1).
Os evangelhos foram escritos com o objetivo primeiro de nos mostrar Cristo, o Filho de Deus, e como, mediante a fé, podemos ter vida em Seu nome (Jo 20:31).
Porém, o que algumas vezes deixamos de perceber é que a revelação desta vida em Cristo inclui o Seu modo de viver, que ele também ensinou aos Seus discípulos e seguidores, não nos esquecendo que aqueles que O relataram nos livros, não apenas contemplaram a verdade, mas também foram transformados por ela. Por isto, o melhor manual de discipulado, é a narrativas da vida de Jesus, pois constitui um caráter infalível, coisa que jamais podemos esperar de qualquer outro modelo.
Em Cristo encontramos o professor perfeito, pois ele jamais incorreu em um erro, que, apesar de ter vivido totalmente como homem, tinha uma mente clara e objetiva. De fato viveu como Deus viveria entre os homens.
O Objetivo de Jesus Era Claro
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Desde a eternidade já havia em Cristo todo o projeto de Deus, o Pai, de nEle, Cristo, formar para si um povo, uma família. O seu objetivo era de salvar o mundo (Jo 4:42).
A vida de Jesus foi dirigida por este alvo. Tudo o que ele fazia contribuía para alcançar o seu propósito. Ele não perdia tempo. Não fazia nada por acaso. Não havia desperdiço de energia. Não havia uma única palavra inútil. Tudo fora previamente planejado levando em conta até mesmo sua condição humana. Sua tarefa era fazer a vontade do Pai (Lc 2:49).
Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou de acordo com um plano previamente estabelecido. Jesus planejou vencer e venceu.
Refletindo Sobre Alguns Pontos da Estratégia de Jesus
Quando refletimos sobre o plano de Cristo, a filosofia básica é tão diferente dos conceitos que muitas vezes temos em nossas mentes modernas que suas implicações são simplesmente revolucionárias, pois muitos dos nossos paradigmas foram adquiridos por uma cultura religiosa e suas tradições.
Por isto para sermos bem sucedidos em nosso estudo é preciso ter uma mente aberta e livre de tudo isto.
OITO PRINCÍPIOS ORIENTADORES DO PLANO
· SELEÇÃO – “Escolheu doze entre eles...” (Lc 6:13);
· ASSOCIAÇÃO – “E eis que estou convosco todos os dias...” (Mt 28:20);
· CONSAGRAÇÃO – “Tomai sobre vós o meu jugo...” (Mt 11:29);
· TRANSMISSÃO – “Recebei o meu Espirito Santo...” (Jo 20:22);
· DEMONSTRAÇÃO- “Porque eu vos dei o exemplo...”(Jo 13:15);
· DELEGAÇÃO - “E Eu vos farei pescadores de homens.” (Mateus 4:19)
· SUPERVISÃO –“...ainda não consideraste, nem compreendeste?” (Mc 8:17);
· REPRODUÇÃO – “para que vades e deis fruto...” (Jo 15:16);
· O MESTRE E PLANO TRAÇADO POR VOCÊ – “Eu sou o Alfa e o Omega. ”(Ap 1:18).
Seleção
“...escolheu doze entre eles, a quem deu o nome de apóstolos. Lc 6:13”
Homens era o método de Jesus
O objetivo de Jesus desde o inicio de seu ministério , já era notado, quando ele escolhe alguns homens para que o seguissem, sua estratégia de transformação do mundo não iniciou se com programas para atingir as multidões.
Os discípulos foram chamados no primeiro ano do ministério de Jesus, apesar de não termos muito relato sobre alguns deles mas é a mas provável.
( Jo1:35-51, Mc1:19, 2:13-14, Mt4:21,9:9, Lc5:27-28 )
Homens dispostos a aprender
Com certeza aqueles homens escolhidos por Jesus aparentemente não tinham nada de especial , aliás era uma equipe bem desprovida de cultura ou formação intelectual ,eram homens comuns rústicos ,trabalhadores, a maioria deles foram criados aos redores da parte pobre da Galiléia.(a única exceção parece ser Judas Iscariotes) “Atos 4:13 ...iletrados e incultos...”
Eram temperamentais, que se ofendiam facilmente, e tinham todos os preconceitos próprios do ambiente em que viviam
Is 16:7 – O homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor vê o coração.
Mas desejam mais de Deus , apesar da hipocrisia religiosa da época , eram homens que estavam dispostos a se deixarem moldar por Ele.
Jesus pode usar a todos que se deixarem ser usados por Ele.
Concentrou-se em alguns poucos
Jesus desejava formar homens que pudessem transformar o mundo, ninguém pode transformar o mundo ao menos que se transforme os homens que nele vivem, e ninguém pode ser transformado se não for moldado pelas mãos do Mestre. Por isto a necessidade de se criar um núcleo pequeno de maneira que houvesse relacionamento suficiente não apenas para passar uma teoria, mas vida.
Ao escolher doze não significou que outros não podiam segui-lo, pois há varias referencias de outros discípulos, (Lc 10:1,Ico15:7, Gl 2:9, Jo2:12 , 7:2-10)
Mas o fato é que na proporção que vamos afastando do circulo íntimo dos doze, a prioridade diminuía rapidamente. E até mesmo entre os doze havia um circulo ainda menor que era composto por Pedro Tiago e João, algumas passagem nos mostram alguns momentos em que estes estavam presentes em fatos importantes( Mc5:37, 9:2, Lc8:51, 9:28,Mt17:1).
O principio observado
Jesus se deu maneira plena aqueles que Ele desejava treinar, o modelo era dado com eficácia por causa do grupo pequeno. O principio de ver como fazer para depois fazer, pois Ele mesmo disse que fazia só aquilo que vira o Pai fazer, a maior parte dos três anos do Seu ministério dedicou-se aqueles poucos homens, a estratégia era colocar a Palavra( o verbo a ação) nos seus corações para quando viesse sobre eles o Espírito Santo pudessem se lembrar de tudo.
Sem negligenciar as massas
Seria um erro, porém, supormos, à base do que vimos até aqui que Jesus teria negligenciado a multidão. Não foi assim, pois tudo que como homem podia fazer ele o fez, a fim de alcançá-la.
Ele as alimentou, curou ,ministrou ,ensinou, operou milagres e maravilhas. De forma genuína demonstrou interesse pelas massas da humanidade. Aquela era a gente que viera salvar- Ele as amava, chorava por ela, morreu para salva-la do pecado
Ninguém jamais poderia pensar que Jesus tenha negligenciado o evangelismo de massa. Pelo contrario houve momentos, que desejavam fazê-lo rei (Jo 6:15), os sacerdotes reconheciam que as multidões o seguiriam (Jo11:47-53)
Se Jesus tivesse encorajado as massas, em seus desejos temporais poderia dominar reinos e povos. Mas parece que toda vez que a situação caminhava para uma efervescência maior Ele se retirava, e muitos milagres operados eram acompanhados de uma palavra de sigilo.
Muitos discípulos não compreendiam bem
A Sua prática muitas vezes deixava perplexos os seus seguidores, pois em momentos de aplauso e manifestação favorável da multidão Jesus, se retirava com Seus discípulos, para dar continuidade ao Seu ministério ver João 7:2-9.
Com isto se fossemos avaliar o ministério evangelístico dEle, talvez não poderíamos, pelos números de seus seguidores pouca mais de 500 que Ele apareceu depois de Sua ressurreição e no pentecostes apenas 120, (Ico15:6, At1:15), enquadrá-lo entre os mais bem sucedidos evangelista de massa da Igreja.
Sua estratégia
Mas afinal porque Jesus concentrou deliberadamente seus esforços em tão poucos, afinal alguém com a unção e o poder dele poderia facilmente arrebatar milhares de seguidores, não é um tanto desapontador alguém como ele que se empenhou tanto e tão intensamente, no final contar com alguns poucos e amedrontados seguidores?
A nossa resposta esta no propósito real dEle, Jesus viera inaugurar seu reino e não impressionar as multidões, para isto precisava de homens que continuassem sua obra e guiassem as multidões. Nada adiantaria conquistar a massa e depois não ter quem as conduzisse no Caminho.
As massas são como ovelhas sem pastor (Mc6:34, Mt9:36, 14:14).
Princípios aplicados hoje
Com freqüência a igreja tem se dedicado as massas com grandes esforços evangelísticos, mas deixa de formar líderes para conduzir os novos nos Caminhos do Senhor. É preciso olhar para o mestre e seguirmos seus passos, conforme Efésios 4:12, um pequeno núcleo pode vencer grandes batalhas como Gideão.
Às vezes alguns poderiam objetar dizendo que isto demonstra favoritismo para um grupo selecionado de membros da igreja local, mas não importa foi assim que Jesus fez.
Entretanto deve-se tornar claro aos discípulos que o alvo é o atendimento a multidão, não pode haver indicio de parcialidade egoísta em suas relações para com todos. Tudo que for fazer com estes poucos deve visar a salvação das multidões.
Associação
“E eis que estou convosco todos os dias...Mt28:20 “
Jesus ficava com os discípulos
Tendo chamado os seus discípulos, estabeleceu a prática de estar com eles, esta era a didática do Senhor deixava que seus discípulos o seguissem.
Jesus não tinha erudição formal, nem seminários, nem cursos de estudos previamente esboçados nem aulas periódicas para nelas matricular Seus discípulos. Estas providencias tão organizadas e tão prestigiadas hoje em dia não tinham qualquer papel em seu ministério. Ele era a sua própria escola e seu currículo. A maneira de ensinar de Jesus fazia grande contraste com a maneira dos fariseus, com seus dogmas formulas e rituais.
A sabedoria era adquirida na companhia de Jesus
Foi através da comunhão com Jesus que os discípulos puderam conhecer os mistérios do reino de Deus (Lc8:10). O conhecimento vinha primeiro pela associação, antes da explicação. Ele era a ação de Deus encarnada, a Palavra viva, Jo14:5,6, na chamada de João e André vinde e vê(Jo1:39).
O dia a dia as decisões mais intimas eram acompanhadas pelos discípulos, era a vida compartilhada não apenas informação.
O principio observado
Uma vez respondendo afirmativamente ao chamado aqueles homens estavam habilitados a entrarem na sua escola, onde a compreensão seria ampliada e a fé deles confirmada. Certamente que havia muitas coisas que aqueles homens não compreendiam, mas que puderam ser esclarecidos conforme iam caminhando. Na presença Dele puderam aprender tudo quanto precisavam saber.
O chamado era para estar com e os enviaria a pregar (Mc3:14), Jesus deixou claro que antes de poderem pregar ou expulsar demônios, deveriam estar com Ele.
Mais Íntimos Ainda no Final
Ao contrario do que normalmente se aplica, quando mais o tempo passava mais Jesus proporcionava tempo a sós com seus discípulos, dava ainda mais atenção a eles.
(Mc7:24, Mt15:21, Mc7:31, 8:10, 27)Foram jornadas feitas em parte por causa da oposição dos fariseus, mas primariamente porque desejava estar com seus discípulos.(Lc13:22,19:28,Jo10:40, 11:54)Na semana de sua paixão ,praticamente não permitiu que eles saíssem de debaixo de seus olhos, pois foi nestes últimos momentos que as coisas parecem fazer mais sentido para eles Jo16:4.
E isto se confirma ainda depois de sua ressurreição, observando as escrituras consta que nenhum incrédulo viu Jesus ,das dez aparições todas foram aos seus seguidores e em particular para os apóstolos.
Isto Exigia Tempo
Essa associação íntima e constante, naturalmente, significou que Jesus dedicou a maior parte do seu tempo aos seus filhos na fé, isto significou sacrificar o tempo com sua própria família.
Até mesmo em momentos que escolheu para sua devocional pessoal, houve interrupção para atender aos discípulos Mc6:46-48.
O Alicerce do Acompanhamento
O acompanhamento são cuidados que devemos Ter com aqueles que se dispõe a seguir a Jesus, não basta apenas reuniões publicas como cultos para toda congregação, é preciso tempo de comunhão intima de compartilhar pessoal e individual para que todas as áreas da vida dos discípulos sejam ministradas. E por isto o importante é acompanhar o crescimento em cada caso.
A Igreja Como Comunhão Contínua
Como corpo de Cristo temos que Ter a noção clara do nosso papel como igreja, da nossa missão de como sacerdotes ministrarmos uns aos outros, individual e coletivamente, uma vez ministrados pelo mestre agora desempenhamos o papel que nos foi confiado. As reuniões formais não são capazes de formar vida de liderança, é preciso aplicar o método de Jesus, de estar com aqueles que devemos formar, edificar uma pessoa na fé , não é tarefa fácil, Paulo diz que é preciso sentir dores de parto Gl4:19.Para isto é preciso, sacrifício e abrir mão da liberdade pessoal .
O Principio Aplicado Hoje
Como Jesus o fez, assim devemos fazer ,ou seja o Pai confiou alguns a Ele e este cuidou , ensinou , participou e se fez conhecido, de maneira que esta associação comunicasse sua vida a eles. E agora nós a sua igreja devemos cuidar daqueles que ele nos enviou, nos associando com eles da mesma forma conhecendo e se fazendo conhecido, ensinando a outros a poderem em pratica aquilo que já aprenderam.
CONSAGRAÇÃO
“Tomai sobre vós o meu julgo...” Mateus 11:29
Ele Exigia Obediência
A simplicidade desse método de abordagem é maravilhosa, se não mesmo, atordoante. Nenhum dos discípulos foi solicitado, a princípio, a fazer qualquer declaração de fé ou aceitar algum credo bem definido, embora, sem duvida, já tivessem reconhecido que Jesus era o Messias prometido. (Jo 1:41,46,49 e Lc 5:8)
A princípio tudo que lhes foi pedido é que seguissem a Jesus e Ele esperava que eles fossem obedientes a sua Palavra, pois ninguém seguirá uma pessoa em quem não confia e nem dará o passo de fé com sinceridade a menos que esteja pronto para obedecer ao que o líder venha a dizer.
O Caminho da Cruz
Seguir a Jesus pode ter parecido fácil a princípio, mas, isto se mostraria difícil, um pouco mais a frente, pois a exigência do Mestre era total. Não haveria como conciliar a vida de ser discípulo com as coisas do mundo. É necessária a submissão absoluta.
É necessário abandonar o pecado, os antigos hábitos, a maneira de pensar, os prazeres do mundo e se conformar com as disciplinas do reino de Deus(Lc 16:13 - riquezas; Mt 5:1, 7:29, Lc 6:20-49).
Agora a perfeição do amor seria o único padrão de conduta e esse amor deveria manifestar-se em termos de obediência a Cristo, expresso na devoção daqueles por quem Ele morreria a fim de salvá-los.(Mt 5:48, Jo 14:21,23, Mt 25:31-36)
Há uma cruz no discipulado. Uma auto negação voluntária, em favor de outros ( Mc 8:34-38; 10:32-45; Mt 16:24-26; 20:17-28; Lc 923-25;Jo 12:25).
Era um treinamento severo. Não eram muitos que estavam dispostos a suportá-lo, muitos queriam receber o pão, mas não o compromisso e com isto muitos deixaram de segui-lo. O mais surpreendente de tudo que Jesus não saiu correndo atrás deles para tentar trazê-los de volta ao rol de membros de Seus seguidores, Jesus estava formando discípulos para seu reino e, se estes tivessem de ser vasos úteis teriam que suportar o alto preço. (Jo 6:25-66)
Simplesmente era impossível a alguém seguir a Jesus, através da reta vereda de Sua vida, sem desprender-se totalmente deste mundo; e aqueles que apenas fingiam tê-lo feito, só atraiam angústia e tragédia contra as suas próprias almas.( ex: judas, Jo 6:70, Mc 14:10,11,43,44, Mt 27:3-10, At 1:18,19)
Jesus não dispunha do tempo nem de desejo de diluir os Seus esforços com aqueles que quisessem estabelecer as suas próprias condições para serem seus discípulos.
Concluindo de modo franco e aberto, disse Jesus: “Assim pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” (Lc14:33,Mc10:21,Mt19:21,Lc18:22)
Poucos Querem Pagar o Preço
Quando os oportunistas deixaram de segui-lo, confrontou os discípulos quanto a uma postura deles. A partir daquele momento começou a falar mais abertamente sobre Sua morte. A permanência dos discípulos mais íntimos não significa que eles compreendiam claramente a mensagem da cruz, pois logo depois da grande afirmativa de Pedro sobre quem era Jesus, (Mt 16:22), Jesus adiantava sobre a sua morte pelos religiosos, e este contestou, foi preciso uma dura palavra do mestre, dizendo que a palavra do discípulo era de satanás.
Jesus suportou pacientemente todas as falhas humanas dos Seus discípulos, porquanto, a despeito de todas essas deficiências estavam dispostos a segui-lo. Sabia Cristo que eles haveriam de dominar esses defeitos na proporção em que fossem crescendo na graça e no conhecimento. A capacidade dos discípulos de apreender a revelação iria crescendo, contando que continuassem a pôr em pratica toda verdade que já tivessem entendido.
Obedecer é Aprender
A obediência a Cristo, portanto, era o próprio meio através do qual aqueles que estão na companhia Dele aprendiam mais e mais da verdade. Jesus não pedia que os discípulos seguissem o que não soubessem ser verdade. Mais ninguém podia segui-lo sem aprender o que era verdade (Jo 7:17). Por este motivo Jesus não exortou aos seus discípulos que se entregassem a uma doutrina, e sim a uma Pessoa, que era a encarnação dessa doutrina, e somente na medida em que continuassem em Sua Palavra é que poderiam conhecer a verdade (Jo 8:31,32)
Prova de Amor
De forma suprema, a obediência foi interpretada por Jesus como a grande expressão de amor “Se me amais guardareis os meus mandamentos...” “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama...” Jo 14:15,21,22,23 ; 15:12,14
Jesus nos dá o exemplo, demonstrando obediência absoluta à vontade do Pai, tendo como principio controlador de Sua vida. (Jo 4:34; 15:10; 17:4; Lc 22:42, Mc 14:36)
A cruz foi o clímax coroador de Sua entrega ao Pai, Hebreus 5:8. Assim sendo, quando Jesus falou a respeito de Sua obediência, tratava-se de algo que os discípulos podiam ver encarnado em forma humana, disse Jesus Eu vos dei o exemplo (Jo 13:15,16, Lc 17:6-10,8:21;Mc 3:35;Mt12:50)
O Princípio Focalizado
Do ponto de vista da estratégia, no entanto, essa era a única maneira pela qual Jesus podia moldar a vida dos discípulos conforme a Sua Palavra. Não poderia haver desenvolvimento de caráter ou de propósito nos discípulos, sem a obediência. Um pai deve ensinar seus filhos a obedecê-lo, se quer que seus filhos sigam suas pisaduras.
Jesus estava preparando líderes para sua igreja, portanto, se não aprenderem primeiro a seguir um líder não estariam aptos à função.
Princípios aplicados hoje em dia
Não pode haver qualquer demora ou negligencia no tocante as ordens de Cristo. Estamos empenhados em uma guerra cujos resultados são vida ou morte, e todos os dias em que nos mostramos indiferentes ás nossas responsabilidades é um dia perdido para a causa de Cristo. Não faz parte de nossos deveres raciocinar por que Ele fala desta ou daquela maneira, mas tão somente cumprir os Seus mandamentos.
No reino de Deus não há lugar para descuidados ou para aqueles que agem relaxadamente porque essa atitude não somente exclui qualquer desenvolvimento na graça e no conhecimento, mas igualmente destroem qualquer utilidade, no campo e batalha do evangelismo deste mundo, no caso de quem age assim.
Para que haja consagração é preciso entrega total e irrestrita aos propósitos de Deus.
TRANSMISSÃO
“Recebei o Espírito Santo...” João 20:22
Ele deu a si mesmo
Jesus queria que seus seguidores Lhe fossem obedientes. Mas também percebeu o Senhor que ao aprenderem essa verdade, os seus discípulos haveriam de descobrir a experiência mais profunda com Seu Espírito. E então, ao receberem o Seu Espírito, haveriam de conhecer o amor de Deus por um mundo perdido. Eis por que as Suas exigências no tocante à disciplina foram aceitas sem argumentos. Os discípulos entenderam que não estavam meramente observando a lei, mas estavam respondendo Aquele que os amara, e que estava disposto a dar sua vida por eles.
A vida de Jesus consistia-se em dar-se; dar aquilo que o Pai lhe dera. (Jo15:15;17;4,8,14).
Ele deu a Sua Paz – Jo16:33, Mt11:28
Ele deu a Sua Alegria – Jo15:11 ; 17:13
Ele deu as chaves do Seu Reino- Mt16:19; Lc12:32
Ele deu a Sua própria Glória – Jo17:22,24
Ele deu Sua Vida – MT 20:28
Sob esta luz, de que o Filho é colocado no lugar do mundo, é que podemos começar a compreender a magnitude da cruz. Contudo, nessa percepção, a cruz de Cristo é inevitável porque o infinito amor de Deus só pode se expressar devidamente de forma infinita. Assim como o homem por causa do seu pecado tinha que morrer, assim, também Deus, por causa do Seu amor, teve que enviar Seu Filho, para que morresse em nosso lugar. ”Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém sua vida em favor dos seus amigos.” Jo 15:13
Compulsão do Evangelismo
A vida de Jesus foi um exemplo vivo e claro, de uma paixão profunda pelas pessoas, uma chama que ardia em Sua própria alma do Amor verdadeiro. Os discípulos viram isto muitas vezes, e de muitas maneiras, todos os dias, portanto não era teoria, mas prática de vida.
Muitas destas demonstrações confrontavam as expectativas dos discípulos, pois de fato Jesus veio demonstrar, como viver para servir e não para ser servido (J0 13:1-20)
E enquanto observando assim a Jesus, ministrando aos enfermos, consolando aos tristes, e pregando o evangelho aos pobres, ficava-lhes claro que o Mestre não reputava pequeno demais qualquer serviço, nem sacrifício grande demais, quando era feito para a glória de Deus.
As Credenciais do Ministério
O amor é a única maneira de conquistar a reação favorável e espontânea dos homens; e isso só é possível pela presença de Cristo dentro dos corações. Por isto é necessário que se dê gratuitamente aquilo que receberam (Mt 10:8) Amar uns aos outros como Ele os amara (Jo 13:34,35). O amor demonstrado no Calvário, era o padrão, a mesma dedicação altruísta (Jo 17:23)
A Obra do Espírito Santo
Tudo que Jesus ensinou não tinha como ser realizado pelo homem natural. É necessário nascer de novo (Jo 3:3-9). Desde o principio até o fim, experimentar o Cristo vivo, em qualquer forma pessoal, é operação do Espírito Santo.
Foi pela virtude do Espírito que Jesus operou e realizou todas as coisas aqui na terra (Lc4:18, Mt 12:28). Assim sendo, Jesus era Deus em revelação; mas o Espírito Santo era Deus em operação. Por isto Jesus esclareceu aos seus discípulos, que o Espírito haveria de preparar o caminho para o ministério deles, Ele lhes daria as palavras que deveriam falar (MT 10:19,20; Mc 13:11; Lc 12:12)
Portanto, somente por intermédio do Espírito de Deus é que alguém é habilitado a cumprir a missão redentora do evangelismo. Tudo que os discípulos foram solicitados a fazer foi permitir que o Espírito Santo tivesse as rédeas completas de suas vidas.
Outro Consolador
Com a aproximação da morte de Jesus, era necessário instruir seus discípulos sobre a função consoladora do Espírito, que estaria com eles para sempre, da mesma maneira que Ele estivera com eles durante três anos em carne, agora através do Espírito, continuaria a ensinar, guiar não mais limitado a geografia imposta por sua forma humana, mas agora simultaneamente em todos os lugares. (Mt 28:20; Jo 14:16)
O Segredo da Vida Vitoriosa
Por isto, a instrução de Jesus para que os discípulos aguardassem em Jerusalém, até que a promessa se tornasse uma realidade entre eles (Lc 24:49; At 1:4,5,8; 2:33). Precisavam de uma experiência tão real com Cristo que suas vidas ficassem tomadas pela Sua. A tarefa sobre humana que foram chamados a realizar precisava ajuda sobre humana para ser concluída: A transmissão de poder vindo do alto, o Batismo do Espírito Santo.
Questão do principio na atualidade
Toda essa questão resolve em torno da pessoa do Mestre. Basicamente, o Seu caminho era a Sua Vida, e outro tanto deve acontecer entre os seus seguidores. Precisamos de Sua vida em nós, por intermédio do Espírito Santo, se tivermos de fazer Sua obra e praticarmos os Seus ensinamentos. Qualquer obra evangelística sem isto é destituída de vida e não tem sentido algum. Somente quando o Espírito de Cristo em nós exalta ao Filho é que os homens são atraídos ao Pai.
É natural que não podemos dar algo que nós mesmo não possuímos. A própria capacidade de perder a nossa vida, por amor a Cristo, é a prova dessa possessão. E também não podemos reter aquilo que possuímos no Espírito de Cristo, ao mesmo tempo em que continuamos a guardar este tesouro. O Espírito de Deus sempre insiste em fazer Cristo conhecido. Aqui está o grande paradoxo da existência: precisamos morrer para nós mesmo, a fim de vivermos para Cristo, e nessa renúncia a nós mesmos, precisamos nos dedicar ao Senhor, em serviço e devoção a Ele. Esse foi o método de evangelização utilizado por Jesus, o qual a principio, foi percebido apenas pelos seus poucos seguidores. Através deles, todavia, haveria de transformar-se no poder de Deus, na conquista do mundo.