Prevenção de Violência de Gênero

O dado da Organização Mundial da Saúde que mostra que uma em cada três mulheres já foi vítima de violência física e/ou sexual praticada pelo parceiro íntimo ou violência sexual por não parceiro, destaca que a violência contra as mulheres é um desafio global de saúde pública e de proporções pandêmicas. Como uma organização dedicada a enfrentar os maiores desafios de saúde pública no mundo, a Vital Strategies vem há anos realizando análises para mapear as trajetórias de mulheres vítimas de violência nos sistemas de dados de saúde do Brasil. O objetivo é identificar padrões nas interações dessas mulheres com as unidades de saúde que possam prever o agravamento da violência antes mesmo de sua notificação.

Entendemos que violência de gênero é um problema de saúde, pois afeta a saúde física, emocional, mental e sexual das vítimas. Mas, violência de gênero também é um problema da saúde, quando os dados da saúde podem identificar violências precocemente.

Principais resultados:

Ações internacionais: o escritório da organização no Brasil lidera iniciativas de cooperação no Sul global na área de prevenção de violências, conduzindo projetos que promovem intercâmbio de conhecimento com países da América Latina e com nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa na África.

Violência de Gênero e Racismo: A Vital Strategies trabalhou na análise de dados nacionais para identificar a magnitude da desigualdade do impacto da violência entre mulheres pretas e pardas, se comparadas às mulheres brancas. O estudo fez um mapeamento do risco de uma mulher negra ter um registro de notificação de violência física ou sexual com relação ao mesmo risco entre as brancas. O estudo usa dados de 2015 a 2020 e traz um recorte para as cinco regiões brasileiras.

Estudo subnotificação: Estudo sobre prevalência e subnotificação da violência de gênero no Brasil: usando dados gerados pelos departamentos de vigilância em saúde dos sistemas públicos brasileiros e estimativas da Carga Global de Doenças (GBD), a Vital Strategies, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), realizou uma série de estudos para estimar prevalência e subnotificação de violência contra mulheres e meninas no Brasil. O objetivo foi usar as informações existentes para mapear os preditores de violências e feminicídio e, com isso, identificar as oportunidades que foram perdidas pelos serviços de saúde na hora de detectar e prevenir violências.

Estudo no Município de Goiânia: O projeto “Data Triangulation – Linking Health and Non-Health Data Sources for Informed Public Health Policy- and Decision-Making”, financiado pelo Programa Global Grants, promoveu Cooperação Técnica entre a Secretaria Municipal de Goiânia e a Vital Strategies no ano de 2021. O principal objetivo da iniciativa foi, a partir do pareamento de dados da Secretaria Municipal de Saúde, promover análises inovadoras relacionadas à violência contra meninas e mulheres no município

Estudo no Rio Grande do Norte: A parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte e a Vital Strategies teve início no projeto Gender-based violence modelling in Brazil and public policy application, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates. Iniciado em 2022, o projeto tem como objetivo inovar no processo de pareamento, incorporando dados de diferentes setores relacionados à violência contra meninas e mulheres n

Análise de dados e uso de IA em Recife: Por meio de metodologia de pareamento de dados de saúde e de tecnologia de análise linguística, a Vital Strategies e a FrameNet Brasil desenvolveram um sistema de inteligência artificial para analisar os textos dos campos abertos dos prontuários médicos eletrônicos de mulheres atendidas em unidades de saúde de Recife. A inovação permitiu mapear padrões na trajetória de mulheres vítimas de violência e identificar casos que até então estavam invisíveis nos sistemas de dados.

Após o cruzamento de dados entre diferentes sistemas de saúde, a Vital Strategies, em parceria com o laboratório FrameNet Brasil da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), conduziu um estudo que analisou os registros de 13 mil mulheres vítimas de violência em Recife. O estudo revelou que essas mulheres alteram o padrão de visitas às unidades de saúde cerca de 90 dias antes do agravamento da violência. Ou seja, três meses antes de uma notificação formal de violência, elas começam a procurar mais frequentemente os serviços de saúde básica.

Esses dados já indicam oportunidades para intervenções precoces que podem evitar o agravamento da violência. Como uma segunda etapa do projeto, aprofundamos a análise dessas 13 mil mulheres com o uso de tecnologias inovadoras, incorporando um volume ainda maior de informações para identificar padrões nos atendimentos. Utilizando metodologias de análise semântica e inteligência artificial, conseguimos ‘’ler’’ os textos escritos pelos profissionais de saúde nos campos abertos dos prontuários eletrônicos.

Além dos dados estruturados, o mapeamento das trajetórias dessas mulheres foi ampliado e refinado com os padrões identificados pela inteligência artificial. A análise semântica mostrou que, nessa janela de 90 dias antes da notificação formal, há uma mudança também nos relatos feitos pelas pacientes. O conteúdo registrado pelos profissionais de saúde reflete não só o relato de situações de violência, mas também oferece mais detalhes sobre como essas situações ocorrem, enriquecendo as informações disponíveis para a intervenção.

Quem está com a gente: Laboratório de Linguística Computacional (FrameNet Brasil) da Universidade Federal de Juiz de Fora, Institute for Health Metrics and Evaluation, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Prefeitura da Cidade de Recife, Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul, Prefeitura Municipal de Goiânia e Governo do Estado do Rio Grande do Norte.

Quem nos financia: Bloomberg Philanthropies, Bill & Melinda Gates Foundation, The Patrick J. McGovern Foundation, Fundação José Luiz Egydio Setúbal e Instituto Galo da Manhã.

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